Filme "Além do bem e do mal" e Nietzsche apaixonado


Filme "Além do bem e do mal" e Nietzsche apaixonado

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Recentemente assisti o filme italiano “Para além do bem e do mal”, dos anos 70, onde mostra o protagonista Fritz (filósofo Friedrich Nietzsche), alemão, em caso amoroso com a russa-judia psicanalista e intelectual Lou Salomé, e ainda em amizade com Paul Ree, que depois se tornaria médico. Nietzsche se mostra nesse filme com mais idade, apesar de apaixonado e aventureiro, trafegando entre a aventura e o pensamento filosófico. O filme já começa em um diálogo onde amigos têm como certo que Deus está morto, ao estilo do pensamento do filósofo alemão existencialista. 

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         O filme “Para além do bem e do mal” usa do polêmico como foco, do retrato íntimo do humano de forma descompromissada e um tanto libertina. Nietzsche se envolve com várias aventuras, apesar de não se saber se isso era fantasia de amigos Paul Ree e Lou Salomé, ou se era algo real e verdadeiro.  As ruas da Alemanha são tomadas por festas, cabarés, pessoas em bacanais, e mulheres trafegam entre a total castidade ou virgindade e entre o desvalor moral. O retrato da histeria se mostra na casta irmã de Nietzsche, que o controla e vê como um homem santo, afastando-o da russa imoral, Lou Salomé, e preservando a família de pastores luteranos, com elevado valor moral e teológico. Já o filósofo Nietzsche transpira rebeldia e retrata a intimidade com a intelectual russa, misturada à inocência, como em uma luta na lama, onde ambos parecem crianças na descoberta mútua. Apaixonado, o pensador ameaça se suicidar, ao pedir ela em casamento, e, em certo momento diz que o “Super Homem” é Lou Salomé, de modo a ser o retrato de um ser humano superior, sem Deus ou qualquer justificação moral de além mundo e paraíso, sem pecado ou arrependimento, e assim vai.  O filme mostra belas casas, pessoas bem vestidas, no belo retrato do fim dos anos 1800, em mudança de século. Já Lou Salomé se mostra a mulher que surgirá no século 20 e 21, livre e independente, buscadora de novos horizontes e voltada para os estudos, afastada de casamento, família, filhos etc. Parece que havia além da histeria da irmã de Nietzsche, uma depressão por parte dele, e mais ainda por parte de amigo Paul, que levava uma pílula de veneno no bolso para algum momento de morte. O filme mostra ainda a família não mais aprovando Nietzsche em casa e querendo que ele renove sua doutrina moral, a fim de alterar sua imoralidade de filosofia. Como é sabido, por fim Nietzsche enlouquece e abraça um cavalo, de modo que sua mãe e irmã cuidam dele, já debilitado. 

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         Quando jovem, eu  lia Nietzsche, e confesso que era um pensamento perturbador. Mas com as biografias e filmes, vejo que o pensador era mais humano, demasiado humano, do que os textos parecem retratar. Principalmente a figura de um Nietzsche apaixonado, bem como seu dia a dia menos filosófico, mostra um choque de imagem que se faz da mera leitura de suas obras. Nietzsche atrai pela rebeldia e leva a filosofia até um público mais jovem, mas ao mesmo tempo vinha de uma família tradicional e religiosa. Deus não morreu por sua causa, mas ainda vive mais forte. Mesmo assim seu pensamento teve relevância, influenciando muitos outros pensadores de renome. O filme é mais um retrato colorido de um Nietzsche apaixonado, transvalorizando valores. 


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