Ombro amigo e Schopenhauer

Séries e Filosofia



Ombro amigo e Schopenhauer




Ombro amigo ou Put your head on my shoulder é série coreana de Dorama, ou drama estilo japonês, e essa mostra jovens universitários, mais especificamente um físico teórico muito reservado e excêntrico, Gu Wei Li, que conhece a jovem Mo Mo (Si Tu Mo), estudante de ciências contábeis, chegando a morar junto com esta, a conselho da mãe dela, que alugou o apartamento do rapaz a moça. Desde começo se nota a grande inocência do drama, colocando por quinze capítulos o amor do casal em stand by, de modo que apenas muito depois de se começar a assistir, que o casal chega a dar a mão. Isso lembra os relacionamentos não líquidos do passado, onde os noivos ficavam por anos antes de casar ou dar as mãos, mantendo a castidade, na reserva dos sentimentos e coração. A simpatia dos jovens atores, Xing Fei, Lin Yi e Tang Xiaotian cativa desde o início, algo que não vemos mais em novelas brasileiras, ou mesmo em séries americanas. A história se passa nesse conflito em querer demonstrar os sentimentos, em inteligência emocional que vai se desenvolvendo muito vagarosamente, beirando infantilidade, e onde outros também demonstram seu conflito com o amor, não encontrando a cara metade, ou quando acontece, as barreiras sendo constantes. O drama maior parece estar com Fu Pei, que carrega vários conflitos internos. Mas o ombro amigo ou amoroso vence, e o gênio do físico teórico se encontra ao amor da publicitária com aprovação dos pais, o que naquela cultura seria essencial. Como dizia Schopenhauer, o amor busca um complemento, mas vem de algo irracional, de modo o fim ser a reprodução.



Better the us e Asimov




Uma série russa sobre robôs e sua interação com as pessoas, em especial no caso de um adultério de um pai de família com uma robô feminina, o que é de começo discutido na mídia, bem como de um grupo de jovens que destrói robôs e um crime que surge por ciborgue feminino que matou algumas pessoas, Arisa, que havia sido importada ilegalmente da China, e esta indo contra a lei da robótica de Asimov. A tensão fica maior quando essa ciborgue assassina é dominada por uma criança, a pequena Sonya, menina que tem os pais separados, e que brigam pela sua guarda. O futuro na série é mostrado de modo bem racional, sem exageros, e muito próximo do que vivenciamos. Os outros robôs são inofensivos, respeitando as três leis da robótica de Asimov, que proíbem se ferir ou matar humanos. O tema entra numa ética e em aspecto filosófico. Ainda, o homem assassinado, Sergei, acaba por iniciar mais um conflito, ameaçando a família do médico legista, Kiril Raró, que é pai da menina que governa Arisa. A série de ficção científica é algo singular em meio ao óbvio, nos levando a discussão de se a inteligência artificial se compara a nossa, se os humanos são tão bons, ou se os robôs se aproximam mais de nós do que imaginamos, a fim de não nos mais reconhecer no mundo. A reflexão fica sobre até onde a tecnologia revela mais de nós, do que a própria tecnologia. Os robôs mesmo assim nos imitam, no melhor e no pior.



Messiah e a filosofia medieval




Messiah é uma série americana onde um novo messias, iraniano, Al Masih, cativa começando como um Imã e um grupo de seguidores, de modo que passa a levar estes muçulmanos a Jerusalém, e a operar o milagre de os salvar de uma tempestade de areia. Depois vai morar nos EUA e opera outro milagre, salvando uma menina, filha de pastor, de um tornado. O pastor acredita que ele é o messias, e o ajuda a uma nova mudança, agora indo para Washington. Lá na capital americana, novos milagres se operam, retirando uma bala de uma criança que sofre tiro, bem como andando sobre as águas. O novo messias propõe ao presidente americano que retire todas as tropas do mundo, num milênio de paz. Curioso é que o messias veste camisas de marca, como Nike e Adidas. No mais a série faz questionar a união entre razão e fé, em estilo de filosofia medieval de prova de Deus, ao modo Agostinho, Tomás de Aquino, Abelardo e outros. A série sofreu um processo judicial e não passará para a segunda temporada. Também a comunidade islâmica rejeitou a série. Curioso que as línguas de personagens são mantidas, como hebraico e árabe. A série porém parece ser boa crítica às religiões do mundo, bem como a mídia e política nessa relação com o espiritual.

Mariano Soltys


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