Filme “A Mãe” e Hobbes
Filme “A Mãe” e Hobbes
Jennifer Lopez estrela no filme A
Mãe, filme de ação com tema militar e de espionagem, que mostra sua relação com
a filha que teve de abandonar logo após o parto, a fim de preservar a vida de
sua herdeira. A protagonista lembra uma assassina profissional, o que faz ligar
a filmes como O Profissional, que estreou Natalie Portman, uma vez que nesse
filme também há uma jovem garota a aprender o ofício do tiro e o que em inglês
se chama de mechanic. O filme tem tanta ação que lembra produções de anos 80,
mas agora na figura feminina, comparada a uma loba na proteção de filhotes,
como o filme retrata em alguns momentos.
O masculino no filme é morto,
perdendo assim o lado viril do heroísmo, reservando o lugar a matrona,
especialista em sniper e ataques furtivos.
O filme faz lembrar a luta pela sobrevivência, a que já tratei algumas
vezes quando falei de cientologia, ou de Hubbard, bem como trás a força a que
filósofo Nietzsche chama de vontade de potência, revelando o tipo do
super-homem, aqui uma super-mulher. Mas o que mais parece lembrar o filme é o
lobo, que leva até o filósofo iluminista Thomas Hobbes, autor de livro Leviatã,
onde este diz que o homem é lobo do homem. O poder estatal, ou de alguma
instância, é o Leviatã, monstro bíblico que sobrevive a algumas eras, e que
mostra ao mesmo tempo os dragões que surgirão no Apocalipse. Semelhante ao
filme, há pessoas em estado instintivo de natureza, e que a bala resolve mais
que a sociedade, leis e contrato social. A Mãe é assim protetora para com a
filha, ensinando a esta a força de uma loba, para lutar na sociedade
capitalista e selvagem.
De todo o modo, o filme A Mãe se
assemelha muito ao filme dos anos 90, O profissional, com Natalie Portman, e
assim um assassino ensina a técnica a uma criança ou pré-adolescente o ofício
de matar a sangue frio, o que desafia a ética e mesmo não respeita o
desenvolvimento do ser em desenvolvimento, gerando impasses morais e éticos. O
filme poderia ser uma nova versão de O Profissional, ademais. A Mãe trás mesmo
assim uma boa ação, um roteiro regular, e cativa pela relação materna, sendo
boa indicação para o ainda mês das mães, maio.
Mariano Soltys, filósofo
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