Filme Possessão, a caixa de Pandora e a sombra
Filme Possessão, a caixa de Pandora e a sombra
Possessão
é mais um filme inspirado no clássico “Exorcista’, apesar de guardar variações
mais condizentes com nosso tempo, tendo a menina possuída pais separados e
estando com seu pai. Também se encontra em pré-adolescência e agora encontra uma
caixa judaica, espécie de caixa (ou arca) que guarda um Dibbuk, espírito que hospeda uma pessoa. Na verdade é um espírito
de morto que possui a pessoa, um ogum, e um suicida, que negam entrada no
inferno (ou Geena). É o que o povo chama de “encosto”. Também a menina em
questão tem uma irmã e mora em local ermo, além da história se dizer baseada em
fatos reais (a versão que vi não tinha os extras...). O título do filme: a
escuridão vive dentro de você, já responde boa parte do que quer dizer o filme.
Um filme bom porque não se concentra tanto em uma casa em questão, e porque ela
não fica amarrada na cama. Do mais várias referências foram feitas ao clássico,
como os exames médicos e atos estranhos da menina.
Novamente
a paranormalidade explica grande parte dos fenômenos, combinado com a histeria.
O fato de ela ser pré-adolescente nos leva a pensar em um íncubo, algo que era
até comum na Idade Média, e que era também espécie de espírito que se hospedava
e sugava energia da pessoa, às vezes até a morte. Sobre falar vozes o fenômeno
é xenoglossia, e sobre saber de coisas além do comum, é a pantomnésia (memória
de tudo), e no mais vemos a telecinese, mover objetos com poder da mente. O
espírito é muitas vezes uma sub-personalidade da pessoa, que pode ser muito
primitiva, presente no seu DNA (ou de vidas passadas...) e assim refletir um
estágio evolutivo anterior, como um “homem da caverna”. Desse modo, a menina no
filme come carne crua, agride com violência, abre as pernas, pula que nem
macaco. Em vídeos de possessão na internet vemos rolar no chão e ter ataque
epilético, o que denuncia a possibilidade de epilepcia envolvida. Isso sem
falar em esquizofrenia e psicose, que estariam possivelmente presentes nos
casos.
Jung, discípulo
de Freud, falava em lado sombra nas pessoas, de sua personalidade. A mitologia
fala na caixa de Pandora, que uma vez aberta liberaria todo o mal do mundo. Um
grimório ou gramática de magia, fala em uma espécie de urna usada por Salomão
para guardar demônios. Assim o filme tem alguma base teórica. O folclore
judaico do Dibbuk mostra que certas
linhas acreditavam na reencarnação e que há um espiritualismo judaico. Jesus
ensinava a expulsar os espíritos impuros. Então o uso de um rabino para fazer o
exorcismo foi muito interessante, uma vez que no geral vemos padres em tal
labor espiritual. Mesmo que ao final do filme o espírito passou ao corpo do
pai, e depois ainda voltou à caixa. Em magia se pode o dissolver ou colocar
mesmo em uma caixa ou cristal. Vemos assim que apesar da ficção, mostra um
ocultismo que é tanto comum ao judaísmo, como a culturas africanas e muitas
outras, como a Egípcia. O filme é muito bom, apesar de que não se aproxima de
outros da linha. Vale para somar aqueles que conhecemos, e um triller familiar,
com classificação de apenas 14 anos. Vemos nele um diálogo intercultural e de
algo que não é original do cristianismo.
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