Filme Inferno e a Divina Comédia de Dante, bem como a filosofia medieval
Filme
Inferno e a Divina Comédia de Dante, bem como a filosofia medieval
Após os
sucessos de Código da Vinci, bem como Anjos e Demônios, eis que
agora surge a adaptação de mais uma obra de Dan Brown para o
cinema: Inferno. Dirigido por Ron Howard, e mais uma vez estrelando
Tom Hanks. Semelhante a todo o filme que restringe a informação do
livro, bem como amplia com o aspecto visual, pelas belas cidades,
igrejas e obras de arte mostradas, resta que se trata de uma história
de bomba, daqueles que você espera que exploda ou acabe alguma hora.
Mas vale pelas citações de Divina Comédia, bem como da referência
do personagem com sua amiga, Robert Langdon como Virgílio procurando
a sua Beatriz.
De forma
diferente a obras anteriores, agora não se trata de uma conspiração
ou de religiosos fanáticos os antagonistas, mas sim de um cientista
maluco. Ele achou que um vírus, a semelhança de uma peste negra,
matando 95% da população mundial faria o planeta melhor. Junto a
ele veio ainda a bela namorada, que engana Langdon, seu gênio
simbologista, para chegar ao vírus e assim usar da ciência, que
alguns dizem imparcial, para destruir o mundo. Langdon sonha com o
Inferno de Dante e vê pessoas nos seus tormentos, o ladrão atacado
por cobra, o adivinho com a cabeça virada para trás e assim por
diante. Filmes que retratam o inferno que podem ser também citados
são o “Amor além da vida”, de Rob Williams e um nacional, de Zé
do Caixão, o “Delírios de um anormal”. Mas a charada fica meio
no ar, quando o protagonista tem de decifrar uma imagem retratando o
inferno e não decifra nada, apenas vai procurando lugares em
construções antigas.
O que
faltou na obra foi alguma referência a sociedades secretas, o que
coloria as obras anteriores. Não que não haja na Divina Comédia
algo, ou que mesmo Dante não tivesse sido membro de uma ordem
secreta. Ele foi, e pelo que lembro, da mesma de Hyeronimus Bosh.
Ademais, as cenas de inferno interessantes eram desse artista, e
também poderia ser lembrado na obra ou filme. Mas no canto XXV da
obra de Dante se pode ver alguma referência maçônica. Também o
livro de Dante guarda segredos iniciáticos e esotéricos. Voltando
ao filme, esse trata mais uma vez de impasse entre a ciência e a fé,
entre a razão humana e a Revelação Divina. Esse seria o encontro
de Beatriz, ou reencontro, que foi aludido no filme como o reencontro
do professor, já sem memória, com sua amiga acadêmica. Um estudo
de arte poderia ser feito com o filme, e nesse sentido usado também
para alguns eventos históricos pouco comentados. Sobre o inferno se
poderia ver a teologia de Karl Barth, que falsa numa predestinação
de Deus para as pessoas no inferno. E de filosofia medieval, poderia
se ver algo de Tomás de Aquino e de Agostinho, dentre outros
pensadores, sobre o tema do inferno.
Por fim
o filme tem sua bomba com o vírus, e assim segue o mesmo foco de
Anjos e Demônios, onde se tem desarmar a bomba e salvar o planeta.
Vale pela atuação da bela Felicity Jones (do novo Star Wars), que
mostrou uma reviravolta, ao se mostrar em vez de auxiliando o
protagonista, uma nova antagonista. A iluminação da cenas foi boa,
as locações, bem como efeitos especiais na ação bem moderados.
Mesmo com o protagonista descobrindo que seu destino era armado e
guiado por drogas que lhe injetaram, o que agrega alguma ficção e
conspiração na história. Pelo menos o personagem ensina algo e é
um intelectual. Vivemos em um tempo em que os idiotas têm vez, e os
eruditos ficam ocultados. Bom sempre lembrar que a liderança é para
os líderes, e que a solução de impasses fica para quem é
especialista. O filme tem um bom roteiro, por citar algo de Dante,
mas deveria falar mais da vida de Dante. De qualquer modo há pelo
menos um enfoque cultural e passeio a ver obras de arte, em belas
cidades e locais turísticos, em especial Veneza e o local de
Stanbul. Também a banda sinfônica deveria tocar algo nas cenas
finais. Do mais, algumas diferenças do filme para o livro.
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